PT 

Deixa o ar encher o teu peito. 

Não ouves a Terra a chamar-te? Quanto te puxa pelas solas dos pés? A mesma Terra que te criou animal e livre… Igual a mim… Ser-Humano. Cruzamos olhares. Lábios cerrados. Distantes sentimos o toque um do outro. Privamos as fibras do nosso corpo do calor ancestral que nos fez viver. Seres conscientes das fronteiras que nos mantêm agrilhoados. 

Do que achas que são feitos os corpos? O teu e o meu? 

Da força dos elementos e das emoções?… Das memórias que calcificam os instantes. 

Pergunto-me o que dirá o cosmos sobre a momentânea cristalização da nossa identidade, e da sua constante metamorfose. Paradoxal, como a interceção desta realidade com o mundo-outro. 

Lá procuramos a essência que nos transcende da carne e osso, e que nos desvincula da nossa forma física. 

Esculpimos o ser: o manifesto que ecoa as nossas ideias. 

Grita perante a indiferente passagem do tempo. Quebra o ciclo e vê em cada fragmento o teu corpo nu. 

Toma consciência da nossa efemeridade. O vento dir-te-á o que fazer. 

ENG 

Let the air fill your chest. 

Don't you hear the Earth calling you? How much it pulls at the soles of your feet? The same Earth that created you as an animal and free... Just like me... Human Being. We exchange glances. Lips close. Distantly, we feel each other's touch. We deprive the fibers of our bodies of the ancestral warmth that made us live. Beings aware of the boundaries that keep us chained. 

What do you think bodies are made of? Yours and mine?

The power of the elements and emotions?...The memories that calcify moments. 

I wonder what the cosmos will say about the momentary crystallization of our identity, and its constant metamorphosis. Paradoxical, like the intersection of this reality with the other world. 

There we seek the essence that transcends flesh and bone, and that detaches us from our physical form. 

We sculpt the being: the manifesto that echoes our ideas. 

Scream in the face of the indifferent passage of time. Break the cycle and see your naked body in each fragment. 

Become aware of our ephemerality. The wind will tell you what to do.